quarta-feira, 6 de setembro de 2017


06 DE SETEMBRO DE 2017
POLÍTICA

O "tesouro perdido" de Geddel


MALAS E CAIXAS COM DINHEIRO foram achadas pela PF em apartamento em Salvador, que seria utilizado por aliado de Temer

A Polícia Federal (PF) encontrou milhares de notas de real em 13 malas e caixas de papelão, dentro de um imóvel em Salvador (BA), que seria utilizado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB). O mandado de busca e apreensão foi cumprido ontem pela Operação Tesouro Perdido, autorizada pela 10ª Vara Federal de Brasília.

No apartamento, os agentes da PF verificaram que as dependências eram usadas apenas para guardar dinheiro. Os valores, em maços com cédulas de R$ 100 e R$ 50, foram levados para um banco, onde seriam contabilizados e depositados em conta judicial. No fim da noite, a contagem foi concluída e somou R$ 51.030.866,40 - a maior apreensão em espécie já feita pela PF até hoje.

O "bunker" de Geddel foi localizado por meio de informações coletadas na Operação Cui Bono ("A quem beneficia?", em latim). Conforme a ordem judicial que autorizou a Tesouro Perdido, assinada pelo juiz Vallisney Oliveira, a informação sobre a existência do imóvel chegou aos investigadores por meio de telefonema - não fica claro se anônimo ou não. O documento menciona que o núcleo de inteligência da PF recebeu notícia "por meio telefônico", em 14 de julho desse ano, afirmando que apartamento do 2º andar do Edifício Residencial José da Silva Azi estaria sendo usado por Geddel para armazenar caixas com documentos.

Ainda conforme o despacho, a moradia está registrada como propriedade de Silvio Silveira, "o qual teria cedido tal imóvel para que Geddel, supostamente, guardasse pertences de seu falecido pai", que morreu em 10 de janeiro de 2016. A PF fez pesquisa de campo com moradores do prédio e confirmou que "uma pessoa teria feito uso do aludido imóvel para guardar pertences do pai".

JUIZ FALOU EM RISCO DE PERDA DE PROVAS

As buscas no local foram determinadas, conforme Vallisney, porque havia "fundadas razões de que no supracitado imóvel existam elementos probatórios da prática dos crimes relacionados na manipulação de créditos e recursos realizada na Caixa Econômica Federal". O juiz acrescentou ainda que a suspeita deveria ser apurada "com urgência, sob pena de tais elementos permanecerem desconhecidos/escondidos e/ou serem retirados/destruídos".

Por suspeitas de que estaria tentando obstruir investigação da Cui Bono, sobre supostas irregularidades na liberação de dinheiro da Caixa, Geddel chegou a ser preso em 3 de julho - antes de ser ministro de Michel Temer, ele foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco no governo Dilma Rousseff. Segundo a apuração (leia ao lado), o peemedebista teria tentado evitar que o deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Lúcio Funaro firmassem acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF).

Em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica desde 13 de julho, Geddel é réu pelo crime de obstrução da Justiça nessa investigação. A defesa dele não se manifestou.

humberto.trezzi@zerohora.com.br

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