sexta-feira, 31 de julho de 2009


JOSÉ SIMÃO

Ueba! Ronalducho fez lipopótamo!

O que ele tirou de banha dá pra fazer um reserva; dá até pra fazer outro time só de Ronalduchos!

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Socuerro! Acordei com cara de ácaro! Tanta chuva! Uma amiga me disse que, quando sair o sol, vai botar a periquita no varal! E socuerro dois!

O Ronalducho fez uma lipo. Uma lipopótamo! E ficou com o corpo da Adriane Galisteu?! O que ele tirou de banha dá pra fazer um reserva. Um outro Ronalducho, um reserva!

O que ele tirou de banha dá pra fazer um time só de Ronalduchos. Dá pra abastecer umas dez Casas da Banha! Muito bem! Quem gosta de gordura é detergente. E uma amiga minha fez lipo no olho. Tava com Olho Gordo! Rarará!

E uma outra entrou numa loja, o vestido não entrava de jeito nenhum, aí ela foi na clínica ao lado, fez uma lipo, voltou pra loja e entrou no vestido. Achou mais fácil ajustar o corpo que ajustar a roupa! Socuerro três! A volta do alemão!

A volta do Schumacher! Pra desespero do Galvão Urubueno! E, depois de tantos anos, sabe a primeira coisa que o Schumacher falou pro Rubinho? "NADA AINDA?!" Rarará. Mas o Rubinho já declarou peremptoriamente: com ou sem Schumacher, não abro mão do segundo lugar! E diz que um amigo falou pro outro: "Você gosta de sexo a três?". "Claro!" "Então corre pra casa pra ver se dá tempo!" Rarará!

E o Sarney, hein? O Moribundo de Fogo! Não consigo me livrar do Sarney! Pega o jornal, tá ele na capa, abre o UOL, tá ele na home! Só falta descobrir que o Sarney roubava a mesada do primo e o lanche do vizinho! E que fugiu com o circo. E nunca mais devolveu. Rarará! Sarney nega que tenha funcionária fantasma: "O FANTASMA SOU EEEEEEU!".

E os funcionários fantasmas ficam rodeando a casa deles à noite: "Roseana, você tá aí? Rooooseaaaana, voooocê tá aaaaí?". Rarará. É mole? É mole, mas sobe! Ou, como disse o outro: "É mole, mas trisca pra ver o que acontece!". Antitucanês Reloaded, a Missão.

Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Morada Nova, Minas Gerais, tem dois inferninhos: "Rela Testa" e "Rela Bucho"! Parece Dias Gomes. Mais direto impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil!

E atenção! Cartilha do Lula! O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Amola": objeto voador que aMassa. Rarará. O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno. E vai indo que eu não vou!

simao@uol.com.br

Um gostoso fim de semana para você.


Levantando o tapete da sala da família

Quase todas as famílias, mesmo as ditas aparentemente certinhas e tradicionais, têm seus segredos e suas mazelas escondidos debaixo do tapete da sala. É bem esse o tema principal do romance Mensagem do Jardim, da escritora e roteirista de tevê Françoise Bourdin, autora de Vendanges de Juillet, Une passion fauve e La Camarguaise, entre outros títulos aclamados pela crítica e pelo público.

Partindo da grande questão: até quando mistérios familiares podem ser omitidos? A autora constroi a densa narrativa que se inicia com a mudança da médica Pascale Fontanel.

Ela vivia em Paris e, esgotada pelo divórcio e cansada da vida de médica, resolve voltar à pacata e encantadora Peyrolles, no Sudoeste da França, onde passou a infância. Seu pai, que antes estava disposto a vender a propriedade da família, opõe-se violentamente à decisão. A morte brutal de sua primeira mulher num incêndio e a depressão da mãe da Pascale explicariam essa reação tão pungente quanto inesperada?

Mesmo com a contrariedade do pai, Pascale, obstinada, motivada por repetidos sonhos, se instala na antiga casa com a determinação de ali reconstruir sua vida. Todavia, as coisas não serão tão simples e alguns episódios vão perturbar as suas ternas e alegres lembranças do passado. O jardineiro, um homem de comportamento estranho, recusa-se, terminantemente, a deixar a residência.

Os vizinhos, por sua vez, evocam histórias para lá de perturbadoras, ligadas aos Fontanel. Mas o mais intrigante, certamente, é a caderneta da família encontrada no sótão por Pascale.

O que realmente pode ter acontecido na pequena Peyrolles? Que outros mistérios a casa escondia? Voluntariosa e obsessiva, a médica quer saber de toda a verdade e não vai desistir.

Ainda chocada com o fato de não ter conseguido ser mãe e, ainda traumatizada com a recente separação de Sam, Pascale, ao tentar reencontrar o paraíso perdido de sua infância, vai enfrentar muito mais.

A escrita elegante e sensível de Françoise e os temas familiares com os quais se identificam centenas de milhares de leitores, revelam as causas do sucesso da escritora, que, segundo o prestigiado jornal Le Figaro, rivaliza com os melhores romancistas do mundo.

Os leitores brasileiros agora poderão conferir os poderes de sedução desta narrativa que, só na França, vendeu mais de 400 mil exemplares. Tradução de Karina Jannini, 378 páginas, R$ 42,00, Bertrand Brasil, telefone 21-2585-2070.


E palavras...

O jornalista e escritor norte-americano Gay Talese esteve na FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) há poucos dias. Ficou encantado com o tratamento carinhoso que recebeu.

Ele merece. Autor de livros, reportagens e entrevistas antológicos, como a que fez sobre Frank Sinatra, através de depoimentos de terceiros, Talese é um dos papas do celebrado Novo Jornalismo, junto com Tom Wolfe, Truman Capote e Norman Mailer, entre outros nomes célebres.

O Novo Jornalismo utiliza técnicas de literatura de ficção para a confecção de textos jornalísticos e, sem dúvida, revolucionou o trabalho da imprensa e da literatura. Talese concedeu longa e interessante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Aos quase oitenta anos apresenta entusiasmo de estagiário e paixão imorredoura pela atividade jornalística. Mesmo enfrentando, como nunca, as conhecidas dificuldades de trabalho, envolvendo salários, liberdade de imprensa, pressões econômicas e outros problemas, os jornalistas, segundo o autor de A mulher do próximo, devem exercer seu ofício com respeito aos princípios da profissão e perseguindo o ideal da busca da verdade e do texto bem elaborado.

Para ele é melhor não ficar utilizando só a internet e outros meios eletrônicos para cumprir tarefas jornalísticas. Talese diz que é preciso ir nos locais, observar as pessoas e usar os cinco sentidos para oferecer aos leitores, radiouvintes e telespectadores o melhor possível sobre fatos e personagens que os interessem.

Talese utiliza um escritório silencioso e sem telefone para finalizar seus trabalhos. Realmente, o silêncio e a solidão de um escritório, mesmo que não seja um grande local de trabalho, contribuem para reflexões, pensamentos, frases e parágrafos bem construídos.

O que diz Talese pode ser aplicado a quase todas as profissões e ao próprio viver. Trabalhar obecedendo os fundamentos do ofício, mas com liberdade e criatividade para ir além é das coisas fundamentais da existência. Fazer o trabalho diário com amor e paixão certamente deixam as pessoas e o mundo bem melhores. Não importa qual o trabalho.

O de um jornalista e escritor mundialmente famoso como Gay Talese ou as tarefas que milhões de anônimos desenvolvem vinte e quatro horas por dia no planeta. Numa época de vaidades intergalácticas, shownalismo egocêntrico e exagerado e de milhões de solitários-acompanhados internautas, as palavras de Talese vem bem.

Inclusive para mostrar aos poderosos de plantão, aos inimigos da profissão de jornalista e da liberdade de imprensa que sempre haverá quem lute por ideais, mesmo ganhando pouco, trabalhando muito e enfrentando ventos, marés, tubarões e outros bixos.

ELIANE CANTANHÊDE

Bicada dos falcões

BRASÍLIA - O deslumbramento com Barack Obama começa a murchar, provavelmente dentro e com certeza fora dos Estados Unidos.

Enquanto o discurso de Obama e a ação de Hillary Clinton, chefe do Departamento de Estado, é de paz, não-ingerência e redução da militarização, não é isso que o mundo começa a ver. Ou esse discurso só valia para o Iraque e o Afeganistão?

A Espanha engrossou ontem o coro da Venezuela, do Brasil e do Equador contra a ampliação da presença militar norte-americana na Colômbia, aqui nas nossas barbas. O pretexto é o combate ao narcotráfico, mas as Farc já não justificam mais nada.

A Colômbia é o segundo alvo dos bilhões de dólares da ajuda militar de Washington, só atrás do conflagrado Oriente Médio. E, agora, chega a notícia, meio enviesada, de que as forças norte-americanas vão poder usar três bases militares colombianas, de Malambo, Palanquero e Apiay, dentro do "Plan Colômbia", de combate às Farc.

Esse avanço na região ocorre justamente quando o Equador de Rafael Correa veta a renovação da única base formalmente militar dos EUA na América do Sul. O que, evidentemente, deixa todos, de diplomatas a oficiais brasileiros, com uma pulga atrás da orelha: os EUA saem do Equador e pulam de vez para a Colômbia? Combate ao narcotráfico ou plataforma militar?

Com a Colômbia vendendo seu território ao belicismo dos EUA e a Venezuela comprando armas da Rússia e ostensivamente se aliando ao Irã de Ahmadinejad, o risco é óbvio: a lógica da militarização e a corrida armamentista estão se instalando na América do Sul.

O Brasil acionou o sinal amarelo, e a preocupação sul-americana se alastra pela Europa, via Espanha. Foi o que o chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, deixou claro ontem em Brasília.

O que todos se perguntam é quem está mandando, Obama ou os velhos falcões de sempre?

elianec@uol.com.br

FERNANDO GABEIRA

Segunda onda

RIO DE JANEIRO - A democracia vem em ondas, acha um candidato chileno. Se isso é verdade, a primeira onda já se esgotou no Brasil. Eleições diretas, uma política econômica realista, uma generosa política social são suas conquistas. Mesmo se Sarney cair, o que é inevitável, e a sociedade impuser sobriedade ao Senado, as coisas não estarão resolvidas.

Uma segunda onda de democracia fatalmente virá. Um dos seus componentes essenciais é a responsabilidade diante da transparência. Responder às questões, admitir erros, corrigir rumos, é a base do comportamento na nova etapa.

Há um risco desse tema escapar às eleições presidenciais. O PT empacou na primeira onda. As forças restantes parecem tímidas ou exauridas para conduzi-la. Será preciso vencer muitos medos.

O primeiro deles é de que o tema interessa apenas à classe média ou apenas às metrópoles.

No caso da esquerda, há o argumento de que a demanda é apenas uma manifestação udenista, referindo-se ao passado. Para quem dizia que a história não se repete, achar repetição em cada esquina é muito estranho.

Existem mitos: não se ganham eleições sem os fisiologistas. Duas eleições presidenciais foram ganhas contra eles, a de Collor e Lula. Não se governa sem eles, dizem. Mas o que é governabilidade? No meu entender, significa realizar elementos básicos do programa. Não é vencer sempre.

Se a questão não for central na próxima campanha, corre-se o risco de um debate conformista. De certa forma, Collor abordou o tema, que era importante no discurso do PT, em 2002.

De lá para cá, as demandas sociais cresceram e os políticos brasileiros dependem hoje, para serem respeitados, de uma nova condição. Os americanos têm uma palavra enorme para isto: accountability. Sem ela, não dá mais.


31 de julho de 2009
N° 16048 - DAVID COIMBRA


Saturação

Não aguento mais esses caras. Todos eles. Precisávamos fazer alguma coisa. Nós precisávamos. Nós, que digo, somos nós contribuintes, eleitores, trabalhadores. Nós “povo”. Para começar, vamos extinguir o Senado. Podemos fazer isso.

Direi como.

Antes, faz-se necessário sublinhar que o Senado não é o único culpado pela minha saturação, que, suponho, seja a nossa saturação. A culpa cai sobre o Legislativo inteiro, do vereador verdureiro de um povoado do Tocantins ao nababo que se elegeu deputado federal por São Paulo a golpes de euros.

Os parlamentares, enfim, eles com suas barganhas espúrias, com suas viagens de turismo patrocinadas pelas burras do Estado. Com sua demagogia.

Mas não só os parlamentares. O Executivo também. Sobretudo o governo federal, que intumesce os quadros do funcionalismo para se eternizar no poder, que tolera e acalenta corruptos, que faz caridade com o dinheiro dos impostos. E também o governo estadual, com suas escolas de lata. E o municipal, com sua letargia crônica.

O Judiciário, ainda que seja menos devassável, não é menos reprovável, com seus palácios de mármore e seu nepotismo figadal.

Executivo, Legislativo, Judiciário. Se nenhuma peça funciona como devia, o defeito está no sistema. Nosso estilo de democracia não funcionou, temos que admitir. Esse modelo, baseado no norte-americano, teria de ser trocado.

Mantendo-se a democracia, claro, mas de outro tipo. Um rodízio de governantes, como na Suíça. Parlamentares não remunerados talvez não fosse boa ideia... Sei lá. Sei que é preciso mudar.

Mas não vai mudar, se não fizermos nada. Por isso, a extinção do Senado. Vamos tomá-lo como um símbolo. Vamos fechá-lo para sempre e adotar o unicameralismo, que existe em tantas nações.

Como fazer? Assim: não vote para senador nas próximas eleições. Peça a seus familiares, a seus amigos, a seus colegas, peça a quem você encontrar na rua que não vote para senador. Espalhe essa mensagem pela internet, cole adesivos nos vidros do seu carro, grite que você se recusa a votar para senador. Em qualquer senador.

Os senadores dignos, que há senadores dignos, como há homens dignos em todos os três poderes putrefatos, pois esses senadores dignos deveriam tomar a peito a campanha. Deveriam renunciar. Um Cristovam Buarque, um Eduardo Suplicy, eles deveriam subir à tribuna e, num gesto grandioso, desistir do mandato em nome do povo brasileiro.

Os nossos senadores, Simon, Paim e Zambiasi, homens sérios, tinham de fazer o mesmo. Que as cadeiras do Rio Grande do Sul fiquem vazias no Senado.

Que nenhum gaúcho, nenhum brasileiro vote para senador nas próximas eleições. Para gritar a nossa indignação, vamos fechar aquele lugar. Vamos acabar com os senadores. Ou, pelo menos, cobri-los de vergonha.


31 de julho de 2009
N° 16048 - PAULO SANT’ANA


Viva Cristo!

Tenho um amigo que se separou da primeira mulher por julgá-la muito “lenta”. E ontem me disse que, depois de dois anos com a nova e segunda mulher, começa a considerar que esta é muito “rápida”.

Gostei muito desta anedota: um homem sem dois braços foi ao barbeiro.

O barbeiro envolveu o cliente no penteador. Não me perguntem por que aquele imenso pano branco que os barbeiros lançam sobre os corpos dos clientes e amarram na altura de seus pescoços se chama penteador.

Não tem sentido, mas se chama penteador, sim, senhores. Pois bem, o homem sem os dois braços estava sendo atendido pelo barbeiro.

Quando o barbeiro começou a cometer uma série de barbeiragens com o cliente sem os dois braços, cortando-lhe levemente o lábio superior ao aparar o bigode, logo em seguida cortando a orelha do cliente, o que ocasionou perda de sangue que foi estancada por uma pedra mágica usada pelos barbeiros, minutos depois dando um verdadeiro talho na bochecha do cliente na altura do osso zigomático, isto é, perto do ouvido, quem vem da direção do nariz, ali nas adjacências do rosto, quando também verteu sangue, igual e prontamente estancado pela pedra mágica.

Até que o barbeiro terminou de fazer a barba do cliente. Não me perguntem como um homem sem os dois braços, obviamente sem as duas mãos, consegue puxar dinheiro do bolso para pagar o barbeiro, o certo é que o cliente em causa não era inadimplente nem caloteiro e pagou o preço do serviço da barba ao barbeiro.

Foi quando o barbeiro, despedindo-se, cometeu a última tentativa de ser cordial, também para amenizar os pequenos estragos que fizera no rosto do paciente (nesta altura não era mais cliente, era paciente de três ameaças de incisões cirúrgicas).

O que perguntou na despedida o barbeiro para o cliente minutos antes sangrante: “Diga-me, eu já não tinha atendido o senhor numa outra vez?”.

E o cliente de pronto respondendo ao barbeiro: “Não. Nunca me atendeu antes. Eu perdi estes dois braços numa explosão na Guerra do Vietnã”.

Sensacional.

Receberei das mãos do bispo Remídio José Bohn, na missa matinal da Igreja São Jorge, no Partenon, domingo próximo, uma placa comemorativa ao fato de que fui o primeiro sacristão da paróquia, em 1951.

Depois, por volta das 11h30min, haverá um galeto no Salão Paroquial, com salada, pão e derivados, refrigerantes, vinho e cerveja.

E o preço do galeto por cada pessoa que dele queira participar é incrível: R$ 10.

Temo já, por ser a segunda vez que noticio isso em minha coluna, que um pelotão da Brigada Militar terá de ser chamado para conter a multidão que não conseguirá convites para o galeto e entrada na missa e se sentirá prejudicada vitalmente.

E um outro pelotão de cambistas já está se movimentando desde ontem para vender com ágio os ingressos para o galeto.

O pároco Paulo está regurgitando alegria. Viva Cristo!

quinta-feira, 30 de julho de 2009


JOSÉ SIMÃO

Ueba! Rubinho não corre, AMOLA!

E o recesso do SUINADO foi prorrogado devido à pandemia da nova gripe A corrupção H1$1!

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!

Escândalo com o Sarney é como caixa de lenço de papel: você puxa um e vem logo três! Nunca consegue puxar um só! E o chargista Cleriston revela: o recesso do SUINADO foi prorrogado devido à pandemia da gripe A corrupção H1$1! Essa é a nova gripe brasileira: H1$1!

E o remédio pra suína é o Tamiflu. E o genérico é TAMUFÚ!

Um cidadão desceu de um voo internacional com sintomas da suína, passou por dois hospitais públicos e um particular, e não deram um remédio pro coitado. Tamufú! Só falta o porquinho pegar dengue agora!

E bastou o Massa se recuperar pra começarem as maldades. Um leitor me disse que ainda bem que a mola era do Rubinho: foi em câmera lenta!

E um outro me disse que pelo menos o Rubinho deu alguns pontos pro Massa! E um outro ainda me disse que esse caso lançou uma novidade: mola perdida! Enfim, o Rubinho não corre, AMOLA!

E a penúltima da minha morenanta predileta Lucianta Gimenez. Entrevistando um sobrevivente dos Andes: "Mas foi pior quando vocês pegaram uma AVELANCHA!".

Entendi, eles foram atropelados por uma lancha. Em plena cordilheira dos Andes! Vinha uma lancha e eles gritavam "Ave Lancha!", "Ave Lancha!". Rarará!

E sabe por que o Ronalducho esmagou a mão? Porque mão tem carga máxima de 200 quilos! Rarará! A marca da mão dele deve ter ficado gravada no gramado. Como a pegada do Godzila! A mãozada do Godzila! E o Kaká, o marido da Kakasta, disse que tava com saudades da bispa Sônia.

Quem, em sã consciência, tem saudades da bispa Sônia? EU! Eu tenho saudades da bispa Sônia gritando naquela língua louca que ela inventou: "Burrundum, aktabar, ahrungam!". É mole? É mole, mas sobe! Ou, como disse o outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!

Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Cascavel, no Ceará, tem uma churrascaria chamada ME CHUPA! Picanha! Maminha! Chuleta! Rarará. Mais direto impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil!

E atenção! Cartilha do Lula! O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Avelancha": companheira que se veste de ave pra andar de lancha. Rarará.

O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.
E vai indo que eu não vou!

simao@uol.com.br

ELIANE CANTANHÊDE

Saturação

BRASÍLIA - Lula tira o pé do acelerador na defesa de Sarney, para evitar uma trombada com a opinião pública e ficar falando sozinho.

Pesquisas do Planalto detectam o óbvio: a dessintonia entre o que Lula diz e o que as pessoas acham da crise Sarney. Nada que abale a sua sólida popularidade, mas o suficiente para detonar uma dúvida: vale a pena insistir em defender o indefensável para agradar o PMDB?

Pelos sinais que chegam a Lula, a família, os mais fiéis assessores e o próprio Sarney estão saturados com o tamanho e a insistência das denúncias.

A maior preocupação nem é mais com o patriarca, é com o primogênito Fernando. Enquanto as acusações a Sarney partem principalmente de reportagens, as que atingem Fernando são institucionais, da Polícia Federal.

Se o próprio alvo já não aguenta mais e se Renan Calheiros está praticamente sozinho na guerra de representações no Conselho de Ética, o risco de Lula é se deixar vencer pela teimosia e virar arauto de causas perdidas. Não é de seu feito.

A questão ainda é a falta de um "plano B", ou seja, um sucessor para Sarney que não alimente a CPI da Petrobras nem deixe a candidatura Dilma à míngua.

Curiosamente, quem providencia uma alternativa são, ora, ora, o PSDB e o PT, não para ajudar Lula, mas para tentar tirar o Senado da crise. Eles articulam uma licença de 60 dias (sem volta) para Sarney e, ainda cuidadosamente, o senador Francisco Dornelles para a vaga dele.

O PMDB tem a maior bancada e o "direito" à vaga, mas não tem nomes e não cederia a vez nem para o PT, nem para o PSDB, nem para o DEM -que abandonou Sarney. Dornelles, único senador do PP, é "o mais governista dos governistas", dialoga bem com a oposição e tem um trunfo com o PMDB: foi dos raros a ficar com Renan até o fim de sua agonia.

O obstáculo é o DEM, mas todos vão ter que ceder. Inclusive Lula, fazendo o que deveria ter feito desde o início: ficando calado.

elianec@uol.com.br

CARLOS HEITOR CONY

Dois gigantes

RIO DE JANEIRO - Mestre Villa-Lobos estava em seu apartamento na Esplanada do Castelo e eu fui levar-lhe Leonide Massine, coreógrafo de "Quinta Sinfonia", "Gaïté Parisienne", "O chapéu de Três Bicos" e outros clássicos da era de ouro do balé mundial.

Ele fora contratado por Murilo Miranda para temporada no Teatro Municipal do Rio, em 1955, e desejava uma partitura brasileira para montar um espetáculo que seria mais tarde incorporado ao repertório internacional.

Entendidos do ramo haviam-lhe sugerido algumas produções de Francisco Mignone e Cláudio Santoro, mas Villa-Lobos era o preferido.

Feitas as apresentações, mestre Villa disse que tinha exatamente o que Massine procurava. Foi ao piano e tocou um trecho, acho que de uma sinfonia em que ele estava trabalhando. Massine ouvia calado, cabeça baixa. - Gostou?

Massine hesitou e acabou admitindo: não era aquilo que queria. Mestre Villa tocou uma sucessão de trechos de sua autoria, fugas, sonatas, choros, batuque, adágios e codas. Massine abanava a cabeça. Mestre Villa improvisou. Massine não gostou e improvisou retirada. Mestre Villa perdeu a paciência:
- Afinal, o que quer o senhor?


Massine então abriu a boca. Certa vez em Paris, ouvira mestre Villa tocar uma música muito bonita, gostaria dela, mas não lhe sabia o nome, só guardara uma frase musical. - Então cante!

Massine alegou voz desafinada, não tinha jeito, mestre Villa encorajou: - Eu não reparo.

Massine tomou coragem, arranhou um pigarro para limpar a garganta e cantarolou: "Lala lala lalalalala". Mestre Villa deu um pulo e fechou o piano.

Massine, estupefato, olhou para mim e eu olhei para a porta. Na rua pude explicar: Massine solfejara o "nesta rua, nesta rua tem um bosque".


30 de julho de 2009
N° 16047 - RETRATO DA CAPITAL


Do último lambe-lambe ninguém vai esquecer

O fotógrafo Varceli Freitas Filho atua da Praça XV, no Centro, e no Brique da RedençãoNestes tempos de imagens digitais vistas na tela do computador, já estamos quase esquecidos do prazer, além de visual, tátil, de ter uma foto de papel em nossa mão. Uma foto, antigamente, era um objeto e era tratada como tal.

Algumas, muito especiais, ganhavam dedicatórias, e eram presenteadas em demonstração eloquente de amor ou amizade. Se fotos em papel são cada vez mais raras, isso não significa que o papel da fotografia tem sido menos importante. Ao contrário.

Cada vez mais as pessoas fazem um número maior de fotografias. Agora todos são fotógrafos, e todo mundo fotografa o tempo todo. Com telefones celulares e câmeras digitais singelas ou sofisticadas, o importante é registrar tudo. E tudo é registrado. E, mesmo que não seja impresso, é, em seguida, “anexado”, “postado”, “enviado”. Se a fotografia continua prestigiada, o papel do fotógrafo já não conta com a solenidade dos velhos tempos.

Claro que, quando se exige qualidade e precisão, ainda vamos em busca de um profissional qualificado, alguém especializado, e capaz. O que não existe mais é aquele mistério do alquimista, a magia de transformar, na penumbra e às escondidas, o latente em real. Com a invenção da fotografia, os fotógrafos estrearam sua condição de protagonistas.

Sua presença e movimentação sempre foram tão toleradas quanto inconvenientes, mas, afinal são criaturas a serviço da memória, e têm de fazer seu trabalho aqui e agora. Quem mais pode subir ao altar da igreja, num casamento, não sendo noivo, padrinho ou padre? A imediata identificação do equipamento justifica sua participação. O fotógrafo está ali como símbolo. Varceli Freitas Filho é um símbolo. Ele é o último lambe-lambe de Porto Alegre.

Vereadores vão definir a aposentadoria

Merece a aposentadoria especial concedida a cidadãos importantes para à cidade, pleiteada pelo prefeito em exercício aos vereadores nesta semana. Ele tem 55 anos e aos 12 já esfregava a mão molhada nas fotos imersas num balde d’água sob o tripé da máquina fotográfica operada pelo pai, morto em 1999, e que, por 58 anos, trabalhou, fazendo retratos diante do Chalé da Praça XV.

Varceli Filho herdou de Varceli pai mais do que uma câmera, um ofício. Feliz com a possibilidade de a iniciativa resultar em um apoio concreto, ele se diz reconhecido e estimulado a continuar representando seu papel e comparecendo ao Brique da Redenção aos domingos, ou, eventualmente, ao Chalé, Feira do Livro, ou a qualquer evento que tenha a ver com a vida da cidade.

O benefício equivaleria a uma espécie de tombamento, e nada mais justo do que a preservação da imagem do que ele representa.

Ao vê-lo em pé, ao lado da câmera, com seu boné e sua gravatinha borboleta, somos remetidos a outros tempos, evocamos outra época e uma cidade muito diferente da atual, cujo único testemunho são alguns prédios e poucas pessoas, como Varceli, dispostas a manter as coisas como elas eram. Pode ser um simples papel, mas suficientemente importante.

Ao se aposentar, o último lambe-lambe da Capital relembra os principais momentos de seus 39 anos de trabalho e explica suas técnicas

ricardo.chaves@zerohora.com.br

RICARDO CHAVES EDITOR DE FOTOGRAFIA DE ZHMultimídiaPersonalidade de Porto Alegre, Varceli deve receber aposentadoria especial por serviços prestados ao município desde os anos 1970Varceli aprendeu o ofício ...... de misturar diferentes produtos químicos, ...... garantir a imagem e secar o papel com o pai, ...... que trabalhou durante 58 anos na mesma Praça XV


30 de julho de 2009
N° 16047 - RICARDO SILVESTRIN


Escreviver

João Cabral de Melo Neto tinha mania de simetria. Quintana não acreditava em influência, mas em confluência. Jorge Amado não relia seus livros depois de editados porque tinha coisas mais interessantes para ler.

Esses são alguns dos depoimentos que estão na série de três volumes Viver e Escrever, reeditada pela L&PM. São entrevistas com vários escritores brasileiros, feitas pela também escritora Edla van Steen.

Cabral, o poeta, conta que alguns poemas criados em períodos anteriores a outros que ele editou antes ficaram de fora por não entrarem nos seus critérios de simetria. Ou seja, eram irregulares, não tinham uma constância de número de versos.

Esses assimétricos acabaram sendo reunidos mais tarde num único livro. O rigor formal do poeta, que salta aos olhos de quem lê sua obra, orientou até a aparente falta de critério de um volume. Ali, o critério era não ter critério.

Já Quintana dá uma boa redimensionada nessa ideia de influência. Aliás, a busca por fontes e influências esconde no fundo uma disputa pela hegemonia da Europa. Com a formação das nações modernas, depois de um tempo em que tudo era Império Romano, o continente viveu a tensão de saber quem é que mandaria por lá. Assim, afirmar que um escritor alemão deve algo a um inglês, ou um Francês a um italiano, equivalia dizer qual a nação mais poderosa.

Mas Quintana, que tinha como único confronto o de ideias, mostra que só somos influenciados por aqueles escritores com que já havia em nós algo parecido. Por isso, não se trata de influência, mas de confluência.

E Jorge Amado dá uma aula de humildade. Há coisas muito mais importantes para ele mesmo ler do que seus próprios livros. Creio que isso ocorra mais com os prosadores do que com os poetas.

Reler um romance inteiro, já se sabendo toda a história, é cansativo. Nunca reli o meu livro de contos, Play. Já os meus livros de poemas, sempre que os releio, eles me lembram que eu já soube fazer isso.

Posso tentar de novo. Outro dia, a poeta paulista Eunice Arruda, quando perguntada que conselhos ela daria para um poeta iniciante, respondeu que iniciante é todo poeta quando inicia escrever um novo texto. Somos sempre iniciantes.


30 de julho de 2009
N° 16047 - PAULO SANT’ANA | LÉO GERCHMANN


Jeitinho do bem

Ah, quanto orgulho me dá ser interino do Sant’Ana, neste espaço sagrado que meu pai me ensinou a ler desde guri. Com tanto carinho que tenho pela coluna e pelo titular, não vou traí-lo. Seguirei sua linha editorial, que é a defesa independente e por vezes corajosa de teses que nem sempre seguem o senso comum – muitas vezes, são o seu avesso. Independência radical, portanto!

Assim sendo, arregaço as mangas, pigarreio e, ousado, mando ver: vou defender o malfadado jeitinho brasileiro. Não se trata, aqui, de justificar deputados que viajam a turismo com dinheiro público, senadores que fazem do gabinete uma permanente festa familiar, governantes que se envolvem em falcatruas e deixam o Estado à deriva para economizar alguns tostões ou empresários que enriquecem às custas da Viúva. Não, nada de afrouxar os padrões éticos. Não é isso.

Falo, sim, do azulzinho com quem conversei outro dia, em frente ao colégio onde estudam meus filhos. Que personagem! Quanto rigor! Entre outras pérolas, fiquei sabendo que, não bastasse multar pais que necessitam ficar em fila dupla dentro do carro por alguns minutos e o fazem com pisca ligado esperando que o filho, uma criança, entre no colégio, ele já autuou alguém que falava ao celular com o veículo estacionado. O motor estava ligado! Por isso, a infração.

A resposta dele: – É a letra fria da lei.

Saí daquela conversa convencido de que esses guardas de trânsito, cujos julgamentos são na prática definitivos, deveriam ter uma formação jurídica mais acurada, para saber que a letra da lei não pode ser fria, que a lei é apenas uma das fontes de quem aplica a Justiça. Nunca soube de alguém que tenha obtido sucesso em recursos à EPTC – claro, deve haver as exceções de praxe.

Quanto rigor! Quanto legalismo exacerbado! E o bom senso, onde fica?

Pois o jeitinho, tão difamado, é a alma brasileira que vai se esvaindo em um país cada vez mais regrado e sem graça. Como a energia nuclear, o jeitinho pode ser usado para o mal – mas também para o bem. Nossa vocação não é essa rigidez que nos violenta.

Aprendemos, com a ginga da nossa música e com o negaceio do drible, a ter maleabilidade quando a lei requer interpretação mais sensível.

Somos um povo afeito a resolver adversidades com criatividade, com malícia. E isso é necessariamente ruim? Que saudade da época em que o Rio era a referência cultural do país, o cartão-postal que se impunha, a malandragem do bem.

Agora, São Paulo tomou conta, com seu cimento incorruptível no mau sentido e aquele céu gris que nem os paulistanos aguentam mais. Faria um bem danado assumirmos nossos modos, que o diminutivo tanto desqualifica, mas que podem ser conduzidos para o bem. É tudo questão de jeito, ou de jeitinho.

E a tal da cordialidade, criticada com razão por Sérgio Buarque de Hollanda? Claro que ninguém quer saber do compadrio e da confusão entre público e privado, que só não são moda porque sempre existiram por aqui. Mas o brasileiro cordial pode ter essa sua característica preservada quando se fala em sorrisos abertos, hospitalidade e solidariedade. São coisas brasileiras. Do bem.

Vamos preservar o que temos de bom!

Isso tudo me remete ao livro que o talvez maior de todos nossos antropólogos escreveu: O Povo Brasileiro. Ali, Darcy Ribeiro desatou o nó do traço comum que faz do Brasil uma nação. Somos a mistura de brancos, índios, negros, europeus e demais etnias que se aprocheguem. Nada mais brasileiro que o Sertão!

Que a Bahia! Que a serra gaúcha! Que a Fronteira! Que o Bom Fim! Somos multifacetados, essa é a característica que nos une. Falta-nos, claro, resolver a desigualdade social, que gera esta violência cotidiana insuportável, este pouco valor à vida, este “não tô nem aí” geral. No mais, temos uma natureza própria, que, como diria o Gonzaguinha, é bonita, é bonita e é bonita!

Pensei também em escrever sobre outros temas que correm contra a maré. Sou contra o rebaixamento dos nossos times mais tradicionais (não me venham com a conversa de que são como empresas privadas.

Não são! Mexem com a paixão de milhões e deveriam ser tombados como patrimônio cultural! Mediocridade é começar o ano já pensando em não cair).

Sou contra campeonatos sem finalíssima (cadê o clima de decisão que forja os craques?). Sou a favor do politicamente correto (não é o que ensinamos aos nossos filhos?).

Aliás, nada mais politicamente correto, hoje, do que meter pau no politicamente correto. Contradição? Neste espaço onde se escrevem as teses mais corajosas, até a contradição cai bem.


30 de julho de 2009
N° 16047 - L.F. VERISSIMO


Outra carta da Dorinha

Recebo outra carta da ravissante Dora Avante. Dorinha, como se sabe, nega que tenha a idade que lhe atribuem e que não pode mostrar sua certidão de nascimento porque o papiro se desmancharia em contato com o ar.

Ela há muito não escrevia e chegou a correr o boato de que fora sugada numa lipoaspiração mal feita e desaparecera para sempre. Mas Dorinha continua inteira e bem e mais ativa do que nunca à frente do seu grupo de pressão, as Socialaites Socialistas. Que tem tido problemas, segundo Dorinha. Como aumentou o uso do botox no grupo, as Socialaites Socialistas às vezes custam a se identificar umas às outras.

Nas reuniões, ninguém reconhece mais ninguém e há dias Dorinha confundiu sua amiga mais antiga, Tatiana (“Tati”) Bitati (“Nos conhecemos numa das minhas infâncias”), com o Léo Batista. De agora em diante todas terão que usar crachás com o nome e fotografias renovadas diariamente. Ainda mais que o grupo se organiza para ir a Brasília e...

Mas deixemos que Dorinha nos conte em suas próprias palavras, manuscritas com tinta grená em papel azul turquesa perfumado com Ravage Moi, o único perfume do mundo que precisa ser registrado na delegacia de costumes mais próxima antes de ser usado.

“Caríssimo! Beijos babados, para compensar o tempo em que não dei notícias. Desconsidere todas as versões sobre o meu silêncio. Não, eu não estava escrevendo minha autobiografia sentimental e estudando propostas milionárias para suprimir os trechos que falam dos políticos que faziam comigo o que faziam figurativamente com o país, em alguns casos também figurativamente.

Também é falso que tenha me retirado para um convento para purgar “mes péchés” (confie nos franceses para dar o mesmo nome a pecado e pêssego), levando apenas um camisolão de aniagem e Paulão, meu personal.

Estava organizando a marcha das Socialaites Socialistas sobre Brasília, onde iremos manifestar nosso apoio a Sarney, o senador da República que melhor interpreta o preceito cristão de dar prioridade à família e é um exemplo para a nação nestes tempos de valores degradados.

Esperamos mobilizar a multidão e assistir a passeatas a favor do incompreendido Sarney. De uma cobertura, porque gosto de povo, mas visto de cima. Da tua engajada de novo Dorinha.”

quarta-feira, 29 de julho de 2009



29 de julho de 2009
N° 16046 - MARTHA MEDEIROS


A turma do dããã

Tenho observado esse pessoal faz um tempo. Eles me provocam reações diversas: sinto repulsa, sinto medo, sinto desânimo, mas acho que a sensação que prevalece é mesmo a compaixão.

Porque eles são tão recalcados, que não conseguem se manifestar no mundo de outra forma. A única coisa que possuem para exibir é isso: seu espírito de porco.

Não é um defeito novo, mas ganhou um espaço de divulgação inimaginável na internet. Se antes eles exerciam seu espírito de porco em pequenos grupos, em comentários ferinos para meia dúzia de ouvidos, agora eles abusam da sua tolice em rede internacional para um público tão amplo, que os deixa embriagados com o alcance atingido. Eles são os neorretardados, os pusilâmines de grande escala.

Se você é uma pessoa de discernimento, que seleciona a informação que obtém, talvez ainda não tenha se deparado com eles. Sorte sua.

Mas se tiver curiosidade de saber como a coisa funciona, entre em qualquer site de notícias de um provedor, como a página do Terra, por exemplo, e dê uma olhada nos comentários deixados. É de perder a esperança num mundo mais elegante.

Pra exemplificar, nas últimas semanas o site colocou no ar duas notícias de segunda linha, que não chegaram a repercutir mais do que poucas horas. Uma delas era sobre uma garota de 18 anos que se jogou da Torre Eiffel, em Paris.

Chegaram a dizer que seria uma brasileira, mas era uma africana. Em poucos minutos, essa notícia gerou 1.581 comentários de gente lesada das ideias, cujo único prazer é fazer piadinha sobre a dor alheia, sem conseguir articular um raciocínio lógico.

Pessoas que têm na agressividade sua única forma de expressão. Foram 1.581 comentários que deixam clara a quantidade de infelizes espalhados por todos os cantos. Porque o espírito de porco nada mais é do que uma exposição despudorada de infelicidade. Como o cara não se suporta, detona com tudo o que vê pela frente.

No mesmo dia desse suicídio, foi noticiada também a estreia da primeira gondoleira de Veneza. Depois de séculos de hegemonia masculina, agora há uma mulher conduzindo turistas nas gôndolas da mais deslumbrante cidade italiana.

Fato que não mobiliza o mundo como a morte de Michael Jackson, mas é uma informação curiosa e simpática, que poderia gerar saudações a mais este espaço conquistado pelas mulheres, ou ser simplesmente ignorada, o que também é legítimo.

Mas não. Os espíritos de porco, sem ter nada mais produtivo pra fazer, deixaram registradas suas manifestações de preconceito, numa exibição constrangedora de estreiteza mental. Porque o espírito de porco não é apenas uma pessoa com o humor mal-lapidado. Ele é um ignorante com empáfia.

Se fossem poucos, nada a temer. Mas a tacanhice é uma epidemia bem mais assustadora do que qualquer gripe. Porque não é temporária e tampouco tem cura.

É o retrato do isolamento e da deseducação de uma geração recém saída das fraldas que, ao ter um teclado à disposição e o anonimato garantido, expõe toda sua miséria intelectual e afetiva. É a turma do “dããã” ganhando voz e propagando a mediocridade universal.

Aproveitem o dia. Uma excelente quarta-feira para você.


29 de julho de 2009
N° 16046 - JOSÉ PEDRO GOULART


Twitter or not twitter?

A palavra é o pensamento subornado. Digo isso apesar de ter certeza que essa frase sequer explique verdadeiramente meu pensamento – afinal, é uma frase, contém palavras.

É que há certos sentimentos impossíveis de se traduzir. A palavra é uma tentativa vã de chegar no cume emotivo dessas sensações. E é suborno porque gratifica com a ideia de que tal tradução é possível. Falo aqui de pensamentos abstratos.

Há outras linguagens. A música, a pintura, a expressão corporal. São decodificações do nosso ser profundo – esse a que estou me referindo nesse texto. Essas expressões auditivas/visuais talvez sejam mais fiéis a um sentimento original, e por conta disso são mais limitadas e passíveis de interpretações distintas.

Entretanto a palavra vem ganhando o jogo de goleada. Raciocinamos e interpretamos com palavras. Usamos o vocabulário para tudo, e a tudo queremos conceituar. O jogo jogado na vida é um jogo de palavras.

A invenção do ser humano vem junto com a invenção da palavra; e junto com ela uma permanente necessidade de reinvenção. Harold Bloom, por exemplo, garante que foi Shakespeare (com palavras) quem inventou o homem tal qual ele é.

Antes dele, diz Bloom, os personagens literários eram praticamente imutáveis. “Em Shakespeare, os personagens não se revelam, mas se desenvolvem, e o fazem porque têm a capacidade de se autocriarem.”

É de Shakespeare o conceito absoluto da existência: “Ser ou não ser, eis a questão.” Frases assim funcionam como boias jogadas num mar de inconsciência. Porém, os tempos atuais necessitam uma revisão. Existir somente não basta, é preciso se exprimir. E mais, alguém precisa ouvir: é a garantia de que existimos.

A resposta veio com a internet, sobretudo num fluxo de expressão antes inimaginável. Alguns se incomodam com isso, especialmente os que detinham exclusividade da expressão. Ou seja, os que existiam não estão gostando de ter que dividir a existência.

Reclamam da vulgarização, da proliferação dos não habilitados. Enquanto isso e sem dar a mínima os excluídos se aproveitam da recente inclusão e se esfalfam em opiniões, mensagens e conclusões. A palavra virou barata – não como adjetivo, mas como substantivo mesmo – e se multiplica.

Mas insisto, somente se exprimir não basta. É preciso eco. É preciso que alguém esteja ouvindo, se não, não tem graça. Exemplo da hora? Twitter: 140 caracteres, uma fotinho, quem você segue, quem segue você. A propósito, @ZPgoulart.

Well meus leitores eu também estou aí no Twitter. Podem seguir-me sim todos os dias e todas as noites. @cassiano_leonel ou @entrelacos - Aliás tem até link ali na esquerda para vocês follow-me


29 de julho de 2009
N° 16046 - PAULO SANT’ANA


Contigo aprendi

Lembro-me bem, fazia seis anos que minha deusa me desdenhava.

Nunca me deu um cumprimento, nunca me disse uma palavra, nunca me dedicou um só sorriso que fosse. Tinha o cuidado de não sorrir para as outras pessoas quando eu estava perto. Justiça se faça à minha deusa: ela também não sorria para os outros, para que eu não me sentisse discriminado.

Em suma, ela me desconhecia, mas não tripudiava sobre mim. Só que esta sua gélida indiferença para comigo se constituía por si só num tripúdio.

Esqueci-me de dizer aos meus leitores que minha deusa era a mais bela de todas as mulheres. Pelo menos para mim, suspeitíssimo, seus pés eram lindos (ainda permanecem belos embora decorram seis anos da primeira divina visão que dela tive). Seu sorriso de castor era o mais belo de todos os sorrisos.

Seu corpo era o tipo do corpo que gosto porque era amparado por duas pernas esbeltas, não tenho nada contra pernas femininas grossas, sei de muitos amigos que idealizam isso, mas para meu fetiche as pernas de mulheres têm de ser finas.

Pois bem, estávamos neste pé: ela durante seis anos com glacial indiferença sobre mim.

Até que ganhei coragem, apanhei-a desprevenida e falei com ela: disse-lhe o quanto a amava, atrevi-me a desafiá-la, dizendo-lhe que ela com certeza já tinha percebido nos meus olhares o amor puro que lhe dedicava, que para mim não existia mulher igual no mundo, talvez existissem muitas superiores a ela em todos os itens, só que para mim ela era a rainha.

Ela me respondeu: “E tu pensas que eu acredito nisso que estás dizendo?”.

Parecia que eu ia explodir de tanta alegria.

Por que meu extravasante contentamento? Pensem comigo, leitores. Se ela disse que não acreditava no que lhe falara, deu-me a entender que, se acreditasse, a minha chance de conquistá-la seria enorme.

Nem quis mais falar com ela, saí correndo e dando pulos de euforia.

Meu amor, minha deusa. A ela, público leitor, só faltava, para que fosse minha, acreditar no meu sonho e nas minhas promessas.

Para finalizar, quero depor a meus leitores que ainda a amo. Nunca ninguém irá superá-la nos meus devaneios.

Como no célebre bolero de Armando Manzanero, por sinal cantado por mim no Jornal do Almoço enquanto ele tocava piano, o pequenino Manzanero, o iucatano Manzanero, mas, como eu estava dizendo, o verso do divino bolero que eu aproveitaria para declarar todo o meu amor por esta minha amada é: “Y contigo aprendí/ que yo nací/ el día en que te conocí”.

Atenção leitores para o boletim médico do paciente Pablo: das nove doenças que tenho, nos últimos sete dias melhorei em quatro, piorei em quatro e a nona permaneceu estável.

Ou seja, estou como o Grêmio no Brasileirão: 50% de aproveitamento.


29 de julho de 2009
N° 16046 - DAVID COIMBRA


Fazia tanto frio

Vi um Fusca, uma vez, e esse Fusca estava estacionado junto ao meio-fio de uma pequena rua de Breckenridge, cidadezinha do Colorado. Colorado, manja? Um daqueles estados perfeitamente retangulares do Grande Irmão do Norte.

É lá que ficam as Montanhas Rochosas. Um lugar frio, cheio de neve, em que as pessoas vão para esquiar. A capital do Colorado é Denver, mas me hospedei nessa Breckenridge. Foi onde vi o tal Fusca.

Era um Fusca azul. Alguém o havia deixado em frente ao resort em que fiquei. À noitinha, antes de ir para o resort, olhei para aquele Fusca parado bem ali, a alguns metros do hotel.

Aí entrei e não pensei mais no Fusca. Uma noite inteira se passou. De manhã, nós, eu e os outros jornalistas, íamos sair para esquiar. Ou para tentar esquiar. O nosso instrutor, um americano grande, vermelho e de camisa xadrez, advertiu:

– Well, alimentem-se bem no breakfast, que vamos gastar muita energy nesta morning.

Obedeci. Tinha um prato com linguiça e bacon no café da manhã. Linguiça e bacon fritos em bastante óleo. Comi. Tinha panqueca com melado. Uma panqueca espessa e um melado igualmente espesso. Comi também. E ainda pão com manteiga e queijo. E um bolo de chocolate. Tudo isso com café, claro. Saí do hotel reluzente de energia, pronto para uma boa esquiada.

Aí vi o Fusca.

Ou, melhor: não vi. Em vez do Fusca, havia um monte de gelo. A neve que caíra à noite cobrira o Fusca completamente. Foi então que pensei: cara, nesse lugar faz muito frio. Sim, pensei isso, mas continuei me recusando a vestir cuecões. Meus colegas jornalistas todos saíam com cuecões por baixo das calças e eu balançava a cabeça e dizia:

– Não, rapaz, não sou o tipo de homem que usa cuecões.

Naquele mesmo dia, ao entardecer, eu andava sozinho pelas ruas de Breckenridge, e, de repente, o sol não caiu; despencou. Em um minuto era dia; no outro, noite. Com a noite, o frio tornou-se agudo como um ponta-esquerda dos anos 70. Sentia-me enregelar.

Lembrei-me das histórias da Operação Barbarossa, a invasão da União Soviética pelo exército de Hitler em 1941. Os alemães enfrentaram um dos piores invernos russos. O combustível congelava nos tanques. Narizes e orelhas endureciam e quebravam. Se o soldado fosse urinar, o pênis congelava e, crec, partia ao meio.

Não pretendia urinar numa rua de Breckenridge, mas percebi que as calças jeans não ofereciam proteção suficiente contra o frio que começava a sentir. O frio subia-me pelos pés e repuxava-me os músculos das pernas. Lamentei a minha postura diante dos cuecões.

Qual era o problema de um simples cuecão, afinal? Imaginei se em algum dia alguém teve o pênis quebrado pelo frio de Breckenridge. Pensar naquela possibilidade não me fazia bem, realmente. Além disso, na pior das hipóteses a ponta do meu nariz ou os lóbulos das minhas orelhas poderiam se partir. Cristo!

A salvação foi um bar que avistei no meio da quadra. Empurrei as portas de vai-e-vem e entrei. Tocava música country. Havia homens encostados no balcão. Eles bebiam em silêncio. Colocavam um maço de dólares no balcão, diante deles, e pediam drinques. O garçom apenas tirava o correspondente ao preço da bebida e botava o troco junto ao maço. Fiz o mesmo. Depositei alguns dólares na minha frente e pedi:

– Um bourbon, plis.

Então pensei mais uma vez sobre todo aquele frio. Há quem diga que no Rio Grande do Sul é que se sente frio. Que até os russos reclamam do frio gaúcho. Por favor! Temos essa mania de exaltação.

O mais lindo pôr-do-sol do mundo, como se o sol não se pusesse em todos os lugares, todos os dias, com exceção, talvez, da Groenlândia. A cidade mais politizada do Brasil, com Getúlios Vargas e Oswaldos Aranhas discursando em cada Câmara de Vereadores vulgar.

As mais belas mulheres do planeta, onde as Giseles Bündechens e as Alessandras Ambrósios são pingentes de ônibus. Francamente! Só há uma valência na qual o Rio Grande do Sul é de fato insuperável.

Em nenhum outro lugar do mundo, a desgraça do adversário alegra tanto o torcedor como na relação entre os apaixonados da Dupla Gre-Nal. Ninguém detesta e teme um rival como um gaúcho.

terça-feira, 28 de julho de 2009


JOSÉ SIMÃO

Ueba! Ratinho invade Honduras!

Zelaya vai entrar em Honduras disfarçado de Ratinho gritando: "Aqui tem café no bule!"

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!

Ronalducho fratura a mão esquerda. Eu falei pra ele usar a direita. Rarará! Acho que ele tava tentando variar. Fazendo de conta que era outra pessoa! E essa: Rio inaugura o Disque Gripe!

Você liga e pega uma gripe. Rarará! Disque um para gripe suína, disque dois para transmitir a gripe, disque três para falar com a Miriam Leitão e disque quatro para xingar um argentino. Aliás, diz que o Brasil perde pra Argentina até em gripe suína! Lá tem muito mais!

E um leitor disse que faz uma semana que tá sem vontade de tomar banho. É sintoma de gripe suína? E sabe como se chama o Disque Gripe? Central de Atendimento da Gripe A! CAGA! É verdade, no Rio já estão chamando de CAGA!

E o Sarney, hein? O Moribundo de Fogo! Agora apareceu um monte de laranja. Laranja do Sarney não deve ser laranja, é acerola. Acerola: vale por dez laranjas! E não tinha aquele adesivo: sou fiscal do Sarney? Agora é: sou laranja do Sarney!

Eu quero um adesivo: sou laranja do Sarney! E o site Comentando revela como o Zelaya vai entrar em Honduras! Disfarçado de Ratinho! Ele é a cara do Ratinho! Vai entrar em Honduras gritando: "Aqui tem café no bule!".

E vocês viram na "Vejinha", "violência no trânsito"? E a declaração do motoboy: "Se estiver certo, persigo o motorista, vou até o fim e já quebrei uns três retrovisores". Por isso que a Associação dos Motoqueiros se chama ABRAM! ABRAM CAMINHO! E por isso que motoboy é quem mais vai pro Salão do Automóvel.

Pra ver os novos modelos de retrovisores que eles vão quebrar: "Olha, mano, aquele prateado, irado". E um motoboy de empresa delivery escreveu atrás da moto: Deusmelivery! Olha um motoboy! DEUSMELIVERY!

E tem uma empresa de motoboys chamada Mensageiros do Caos! É mole? É mole, mas sobe. E como disse aquele outro: é mole, mas encosta pra ver o que acontece!
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês.

Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Ubatuba, no litoral paulista, tem uma pousada chamada Pousada da Charuta! Onestidade e Igiene! Rarará. Mais direto impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil!

E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Gripe suína": gripe que ataca os aliados do companheiro Suiney no Suinado! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.

simao@uol.com.br

ELIANE CANTANHÊDE

É ou não é?

BRASÍLIA - Lula até tem razão quando pede cuidado com a biografia de investigados e relativiza os crimes: "Uma coisa é você matar, outra coisa é roubar, outra coisa é você pedir um emprego, outra coisa é relação de influências, outra coisa é o lobby", disse.

Ok. Realmente, Sarney empregar o namorado da neta no Senado não é igual a roubar e matar. Mas...

É justo uma família tão rica fazer favores com dinheiro público? E os outros quase 40 familiares e apadrinhados (ao que se saiba) que os Sarney empregaram por aí?

É admissível uma associação dita beneficente e com o sugestivo nome de Amigos do Bom Menino das Mercês repassar recursos de patrocínio cultural para a Fundação José Sarney? Especialmente sendo ambas ligadas à família?

É razoável que o primogênito, Fernando Sarney, seja simultaneamente secretário de Energia do Maranhão e dono de uma empresa fornecedora de postes de concreto para a mesma secretaria?

É verdade que Sarney é sócio da neta numa empresa (que tem sede na casa dele em Brasília) para comprar terras onde há indícios de gás e petróleo? O que há de causa e efeito entre a empresa, as terras e as nomeações de Sarney para o Minas e Energia e a Eletrobras?

É a serviço da oposição ou da mídia que a PF e a Receita estão fazendo essas devassas?

E o que dizer do estado de calamidade pública do Maranhão depois de meio século de domínio dos Sarney e de seus paus-mandados?

O promotor de Justiça Jorge Alberto de Oliveira Marum, de Sorocaba (SP), envia e-mail querendo entender a preocupação de Lula com umas biografias e não com outras: "Se o acusado é adversário do PT, podemos acusá-lo à vontade, como foi feito com Collor (1992), Ibsen Pinheiro, Eduardo Jorge, Yeda Crusius etc.

Se ele for aliado do PT, como Collor (2009), Renan, Sarney e outros, não devemos tratá-los como pessoas comuns. É isso mesmo, senhor presidente?".
Taí. Boa pergunta.

elianec@uol.com.br


CLÓVIS ROSSI

Quatro Brics, um tijolo

SÃO PAULO - Parece estar ficando mais e mais claro que, dos quatro Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), aquele que os Estados Unidos tratam realmente como "brick" é a China (se tijolo pode ser tomado como sinônimo de solidez).

A partir de hoje, recomeça o Diálogo Econômico Estratégico entre altos funcionários dos dois países, lançado na administração Bush, para tratar de assuntos econômicos bilaterais. Mas Obama ampliou-o para incorporar uma agenda muito mais abrangente, o que inclui mudança climática, Coreia do Norte, Afeganistão e Paquistão.

O espírito G2 da coisa toda é bem explicado em artigo publicado domingo e assinado conjuntamente por Timothy Geithner e Hillary Clinton: "Poucos problemas globais podem ser resolvidos só pelos Estados Unidos e China, mas poucos podem ser resolvidos sem que Estados Unidos e China estejam juntos".

Para não dizer que os Estados Unidos estão pinçando apenas a China, é justo mencionar que, em recente visita à Índia, Hillary Clinton também desenhou uma parceria estratégica bastante ampla.

Esse balé diplomático interessa de perto, como é óbvio, ao B dos Brics, que vem a ser o Brasil. Obama e Lula já resolveram reativar reuniões setoriais entre ministros dos dois países, mas a pressa norte-americana parece voltada para a Ásia, o que é compreensível: na América Latina, os problemas estratégicos são menores (Honduras) ou inexistentes, ao contrário do que ocorre com, por exemplo, Paquistão, Coreia do Norte e Afeganistão.

Mas a questão da mudança climática é global, e China e Brasil (além de Índia) opuseram-se ao projeto do mundo rico de fixar metas para a redução da emissão de gases.

É preciso ver se a China consulta seus parceiros dos Brics nessa questão ou prefere o diálogo direto -enfim o G2 de que tanto se fala.

crossi@uol.com.br


28 de julho de 2009
N° 16045 - LIBERATO VIEIRA DA CUNHA


A menina do bonde

Era um domingo luminoso do inverno de 1958. Eu viajava num bonde Floresta rumo ao Abrigo da Praça XV, onde me transplantaria para o bom e velho Duque, rumo ao almoço em casa.

Acabava de assistir a um filme matinal no Cine Colombo, esplendidamente estrelado por Jacqueline François, e era com sua doce imagem vestida numa saia translúcida que eu sonhava quando um flagrante da vida real me despertou.

Bem na minha frente, no banco longitudinal oposto, o que um juiz severo chamaria de crime estava para ser perpetrado. Com infinita dissimulação, uma menina de seus 12 anos, magra e pobremente vestida, tentava roubar a carteira do belo tipo faceiro que sentava ao seu lado.

O sujeito era distraído pela própria natureza. Pagara a passagem ao cobrador abrindo de par em par a nutrida carteira para catar os trocados e depois a deixara descansar, convidativa, no bolso direito do sobretudo elegante. Era praticamente uma oferenda à menina que, todo mundo via, passava frio e fome.

Ela trajava um vestido curto e gasto, uma blusinha exígua de algodão e toda a imagem da miséria da humanidade. Com uma mirada rápida, localizou a carteira, estendeu os dedos ágeis e finos e ia pescá-la quando me viu.

Percebeu no exato instante que eu seguia seus gestos. Não fugiu o olhar de mim. Ela via um garoto de 13 anos, usando óculos, uma japona e uma dose apropriada de receio. Ela compreendeu, embora um pouco incerta, minha timidez. Ela mandou me dizer, em pensamento, que por favor a desculpasse, mas não tinha um centavo, não pusera nada na boca aquele dia e talvez sua mãe estivesse num hospital.

Foi pelo menos isso que eu entendi. De modo que me fixei nos cartazes do bonde, numa garota linda que não me dava bola, na paisagem transeunte da Avenida Cristóvão. Não me fixei mais na menina de 12 anos, em seus dedos ágeis, em sua dissimulação.

No Abrigo da Praça XV desci do bonde Floresta, tomei o Duque, em casa me esperava um almoço com salada de maionese, massa e galinha assada.

Jamais soube se a menina pobre de 12 anos obteve ou não o que desejava. Mas como não sou um juiz severo, bem dentro de mim mesmo torço até hoje para que tenha conseguido vencer seu desamparo.

Terça-feira, não estivesses de férias estaria de folga - Uma ótima terça-feira para você - Aproveite o dia.


28 de julho de 2009
N° 16045 - CLÁUDIO MORENO


Quase tive de esperar!

Na terra em que existe um poder absoluto – seja rei, sultão, marajá ou mandarim –, o tom de voz e o emprego do tempo são duas grandes diferenças entre quem manda e quem obedece.

O imperador fala baixo, e cabe ao súdito inclinar-se ainda mais para a frente, espichar o pescoço e aguçar o ouvido; dizem os manuais da corte que o súdito perfeito, então, esse nem precisa ouvir, porque adivinha a vontade de seu soberano.

A repartição do tempo, o tecido mais precioso de todos, também segue esta hierarquia natural: um rei não costuma esperar; os outros que esperem por ele.

Quanto mais esclarecido for o monarca, menos ele irá exercer esses privilégios autocráticos – e, sendo ele o paizinho do povo, mas principalmente de seus filhos, tratará de desenvolver essa veia democrática naqueles que deverão, um dia, suceder-lhe no trono.

Para educar os futuros reizinhos, existem várias histórias, fábulas e parábolas especialmente concebidas para esse fim, quase todas trazidas do Oriente, seguindo a mesma rota da seda e das especiarias.

Uma delas – o rótulo diz que vem da Pérsia, mas nunca se sabe... – conta que um príncipe, como costuma acontecer naquelas paragens, libertou um gênio da garrafa em que estivera aprisionado há milênios e, como recompensa, foi-lhe concedido pedir o que quisesse. “Quero ser poupado dos momentos desagradáveis da vida”, ele disse.

O gênio, habituado aos tolos pedidos que os humanos costumam fazer, entregou-lhe então um gordo novelo de fio de seda: “Aqui está o fio da tua vida.

Quando ela te parecer penosa ou aborrecida, basta desenrolar alguns metros, e o mau momento vai ficar para trás”. Encantado, o jovem príncipe passou a recorrer ao novelo sempre que desgostava de alguma situação ou tinha pressa de saber o que ia acontecer. Assim, em poucos meses, chegou ao fim do novelo e morreu.

O trágico final era necessário, já que a história se destinava a incutir um pouco de prudência nos jovens leitores reais. O pior é que lições desse tipo continuam sendo oportunas, pois este século 21, embora livre de monarcas verdadeiros, assiste ao nascimento de uma espantosa realeza infantil.

No universo instantâneo em que vivemos, o adulto tornou-se um simples súdito da criança imperial, vivendo para satisfazer os seus mínimos desejos – e sempre o mais rápido possível!

Com medo de contrariar seus pequenos príncipes e princesas, foge a seu dever de educá-los, esquecendo que ele próprio só aprendeu o valor (e o prazer) das coisas porque seus pais tiveram a coragem de acostumá-lo ao gosto da frustração, amargo como todo o bom remédio.

O jovem Luís XIV, ao ver que sua carruagem chegava exatamente no momento em que punha o pé no vestíbulo, exclamou, atônito: “Quase tive de esperar!”. Mas ele era rei. Ele podia.


28 de julho de 2009
N° 16045 - PAULO SANT’ANA

Morte ficta

Podem não crer, mas só nos últimos 30 dias fui descobrir que amo demais a vida, que é injusto que me sobrevenha a morte justamente quando percebi que a existência me proporciona alguns êxtases de felicidade capazes de me realizar como ser humano.

Eu já sabia, claro, que a felicidade não existe, por ser efêmera.

Mas o que eu não sabia é que esses instantes passageiros de felicidade se constituem exatamente na essência da vida, que eles sozinhos justificam uma existência inteira.

Delirantes instantes de felicidade. O corpo e a alma da gente são tomados por um deleite de delícia incomparável.

Isso deve ser o que os artistas sentem quando lhes sobrevém a criatividade ou quando interpretam a inspiração dos criadores com tal beleza de representação, que a obra parece ainda mais estupendamente realçada.

Descobri também nesses últimos dias por que falo tanto em morte: é o medo pânico de vir a perder pela eternidade este tesouro da vida.

Mudando de ângulo mas não de assunto, uma das minhas obsessões mórbidas é saber como serão meu velório e enterro.

Chego a tremer de medo pela contingência funesta e inevitável de que eu não possa ver os atos do meu funeral.

Por isso celebrei um contrato gratuito com Ibsen Pinheiro. Ele se comprometeu na semana passada que escreverá como interino da minha coluna, descrevendo um ficto velório e suposto enterro meus.

Breve, aqui na coluna, presumidos velório e enterro de Pablo na pena de Ibsen Pinheiro. Será uma maneira astuciosa minha de driblar o meu terror pela morte.

Deste jeito, saborearei pela inspiração do Ibsen a antevisão da morte. Ou seja, sentirei todo o peso da minha morte, no relato necrológico, sem no entanto estar morto.

Ficará marcado no pergaminho da minha pele e no escaninho da minha alma o meu obituário que não houve.

Breve aqui, portanto, a minha morte em vida. Breve aqui, os melhores momentos das minhas exéquias, a falência múltipla dos meus órgãos, mas no entanto a minha vida atestará que meu coração ainda palpita e recebe sopros, isto é, o Ibsen descreverá os atos ficcionais da minha morte, só que no dia seguinte eu estarei ressuscitado, vivo, incólume, pronto para ser feliz ou apto para as piores vicissitudes.

Breve aqui, a carpintaria mágica do Ibsen esculpirá o meu caixão mortuário mas se defrontará ao mesmo tempo com a realidade do meu tablado de movimentações.

Breve aqui, finjo que morro enquanto estou bem vivo.

É delicioso a gente ficar assim tergiversando com a morte, roçando-a perigosamente, driblando-a, distraindo-a, atarantando-a com a promessa de entrega total e confundindo-a por outra face com uma vida resistente e estuante.

Breve, aqui nesta coluna, a dança temerária da morte com a vida, o balé do esqueleto imóvel com o corpo vibrante, vida de Paulo, morte de Pablito e ressurreição de Pablo, um complicado e sublime silogismo.


28 de julho de 2009
N° 16045 - MOACYR SCLIAR


Gripe: falar ou calar?

Oescritor Arthur Koestler, numa época famoso por seus romances de temática política, falava de um personagem que, dizia ele, tinha um curioso estrabismo intelectual: podia ver ao mesmo tempo a cara e a coroa da moeda, o lado positivo e o lado negativo de uma questão qualquer.

O destino colocou-me numa posição semelhante quando, de um lado, trabalhei médico de saúde pública e, de outro, colaborava com este jornal. Podia assim ver como a questão de uma doença epidêmica era enfocada desde estas perspectivas, diferentes e não raro contrárias. Ao pessoal da saúde cabia combater a doença; ao pessoal da imprensa, informar o público sobre a mesma.

Choques eram inevitáveis. No começo, podiam ser atribuídos a informação equivocada, resultante do desconhecimento dos jornalistas sobre uma área especializada (lembro de uma notícia que falava em um “vírus da morte”, o que quer que isto seja). À medida que o tempo passou, contudo, esse problema foi deixando de existir. Os jornalistas hoje estão extremamente bem informados, alguns têm conhecimento de causa para debater com médicos, sem falar dos médicos que fazem jornalismo.

Mas as queixas dos técnicos não se limitavam a isso. Vamos tomar como exemplo o sombrio episódio que foi a epidemia de meningite meningocócica de 1974. A doença disseminou-se rapidamente em grandes cidades brasileiras, São Paulo, Porto Alegre, causando muitos óbitos, sobretudo em crianças.

E esses óbitos davam manchete. Ao lê-las, os técnicos ficavam por conta. Lembravam que outras doenças, como a diarreia infecciosa, matavam muito mais, fato que raramente era noticiado. E queixavam-se também do alarmismo que teria sido desencadeado pelo abundante noticiário.

Por que a epidemia de meningite recebia tanto espaço na mídia? Em primeiro lugar porque era, claro, um problema grave e real. Depois porque, diferente da diarreia infantil, que era uma coisa sistemática e crônica, tinha aparecido subitamente.

Por último, mas não menos importante: diarreia era, e é, basicamente doença de pobre, enquanto a meningite não poupava a classe média, aquela que forma a chamada opinião pública, que lê jornais e revistas, e que se manifesta a respeito. Os jornalistas estavam veiculando uma preocupação de pessoas com quem conviviam.

E aí vem a questão do alarmismo. Com este, o governo de então (era, lembrem, a época da ditadura) lidou de forma radical, proibindo o noticiário sobre meningite. O resultado foi catastrófico. O vácuo de informações acionou a rede informal de comunicação, movida principalmente a boatos. Se antes as pessoas estavam assustadas, a partir dali entraram em pânico.

É melhor falar do que calar. Sempre: seja nas relações pessoais, seja num problema de saúde da população. Mesmo porque falar é o primeiro passo para a ação. Há muitas coisas que as pessoas podem fazer para combater a disseminação do vírus da gripe.

O que a mídia está fazendo, independentemente do tamanho das manchetes, é ensinar as pessoas a fazer essas coisas. E está ensinando muito bem.

Aquilo que Arthur Koestler rotulou como estrabismo não é um problema ocular. É uma virtude, como aos poucos vamos descobrindo. Conhecer todos os aspectos de um problema ajuda a decidir o que fazer. E nos torna cidadãos melhores, seres humanos melhores.

Quando comecei a escrever para Zero Hora, muitas vezes me beneficiei dos conselhos que me dava o Lauro Schirmer. Ele era preciso, sintético, objetivo. Se Deus está pensando em lançar um jornal, fará bem em consultá-lo.

segunda-feira, 27 de julho de 2009


Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br

A nova cara de Londres

Mudou muita coisa no comportamento das pessoas que moram e que visitam Londres desde a última vez em que estive na cidade, há cerca de dois anos. Para começar, o cigarro passou a ser proibido em bares e em restaurantes, depois que passou a vigorar uma lei semelhante à que começa a valer para todo o Estado de São Paulo a partir de 7 de agosto.

Quem não fuma não precisa mais sair dos locais fechados com os olhos ardendo e cheiro de fumaça na roupa e nos cabelos. E quem fuma precisa apenas abrir a porta e dar suas tragadas ao ar livre. Não é um preço tão caro a pagar quando se pensa na saúde e no bem-estar da maioria da população, não é mesmo?

Alguns estudos têm mostrado, inclusive, que diminuem as ocorrências cardíacas e vasculares (dores no peito, infartos, derrames) depois que passa a vigorar esse tipo de lei nas cidades mundo afora.

Mas, se as pessoas não fumam mais nos bares e restaurantes, elas continuam a beber muito, principalmente os mais jovens. Só que quem é pego guiando embriagado tem muitos problemas com as autoridades.

Outra vantagem de Londres, do ponto de vista dos acidentes de carro, é que a imensa maioria dos jovens vai para as noitadas de metrô ou de ônibus noturno. Com uma malha de transporte público invejável, pouca gente arrisca sair de casa de carro. Com isso, beber e guiar também passa a ser uma associação menos comum.

Para acabar, queria contar mais algumas mudanças no perfil da cidade. Boa parte das lojas de fast food desapareceu, dando espaço a lojas de alimentos mais naturais, o que pode refletir uma maior preocupação com a saúde. Mas as pesquisas apontam um aumento do número de casos de obesidade e de sobrepeso no país.

Outra coisa que está desaparecendo são as imensas lojas de CDs e DVDs que ocupavam espaços nobres na capital inglesa! Em compensação, todo mundo anda com iPods e similares para cima e para baixo. Mais um fenômeno curioso é o desaparecimento das grandes redes de acesso à internet.

Os jovens carregam smartphones e notebooks e usam as infinitas redes de wi-fi que há em bibliotecas, museus, bares e restaurantes. Por isso, as lojas de telefone brotam a cada esquina, em um fenômeno parecido com o que se vê pelo Brasil.

MOACYR SCLIAR

E o buquê vai para

Achava que, após o casamento, a tradição deveria ser cumprida, os dois embarcando num carro e seguindo para a lua de mel

Flores de casamento causam acidente aéreo na Itália. A tradição de jogar buquês de flores durante casamentos causou a queda de um avião na Itália, segundo o jornal "Corriere della Sera".

O acidente aconteceu no parque Montioni, na cidade de Suvereto, na Toscana. De acordo com a publicação, o casal de noivos contratou um pequeno avião para jogar o ramalhete de flores para as mulheres convidadas.

As flores, no entanto, teriam sido sugadas pelo motor do avião no momento em que foram jogadas, causando um incêndio e uma explosão na aeronave. O avião acabou caindo nas proximidades do lugar. O piloto, Luciano Nannelli, 61, escapou sem ferimentos.

No entanto, o passageiro Isidoro Pensieri, 44, que era o responsável por jogar o buquê para os convidados, sofreu traumatismos no crânio e na face e fraturas em ambas as pernas. Folha Online

O ESTRANHO incidente do buquê de flores causou a primeira, e talvez definitiva, briga entre os recém-casados. A inusitada ideia tinha sido, naturalmente, da noiva, uma moça bonita, inteligente, mas muito agitada, e que às vezes tinha impulsos considerados estranhos pelo noivo.

Claro, atirar o buquê depois da cerimônia de casamento é um costume tradicional, e ele o apoiaria de bom grado. Mas a moça queria uma coisa diferente, algo que fizesse história. E então veio com aquela proposta do avião. Depois da cerimônia, que se realizaria no campo, ela embarcaria numa pequena aeronave e, lá de cima, jogaria para as amigas, de fato numerosas, as flores.

Foi aí que a discussão começou. O noivo não gostou da proposta. Não gostava de coisas exóticas. Mais que isso, o aluguel do avião, mesmo monomotor, não custaria barato, e ele não era nenhum milionário.

Por último, achava que, depois do casamento, a tradição deveria ser cumprida, os dois embarcando num carro e seguindo para a clássica lua de mel, sem nenhuma viagem de avião no meio tempo.

O impasse estava criado, portanto. Quem resolveu o problema foi o amigo deles. Era um bom amigo, um sujeito mais velho, mais experiente, mais sábio. O amigo deu-se conta de que aquela discussão poderia estragar o casamento. Ofereceu então sua ajuda: embarcaria no avião e se encarregaria de atirar o buquê para as moças lá em baixo.

O jovem casal aceitou a proposta. Que, no entanto, terminou mal. Conforme combinado o amigo jogou o buquê que, no entanto, acabou provocando um acidente. O avião caiu, e ele acabou internado com ferimentos de certa gravidade. O noivo ficou muito chateado, e desde então as relações entre os recém-casados estão estremecidas.

Ela, porém, está muito mais preocupada com a recuperação do amigo. Da primeira vez que foi visitá-lo, encontrou-o com a cabeça enfaixada e com as duas pernas engessadas, mas sorridente. E aí, um gesto inesperado: ofereceu-lhe uma flor. Uma flor que tinha tirado do buquê antes de arremessá-lo.

O que a comoveu profundamente. Tem voltado ao hospital todos os dias. E se sente feliz como uma garota que, no casamento de uma amiga, conseguiu agarrar o buquê que a noiva arremessou.

MOACYR SCLIAR escreve, às segundas-feiras, um texto de ficção baseado em notícias publicadas na Folha.

CÁSSIO SCHUBSKY

O Círculo das Quartas-Feiras

Muito da história brasileira pode ser contado a partir dos círculos de debates, grupos de discussão, entidades muitas vezes sem estatuto

MONTANHAS de escândalos. Crise política atrás de crise política. Congresso em frangalhos. Afinal, os partidos políticos são fadados aos joguetes inescrupulosos do poder? A política é mesmo suja, todo mundo é corrupto e estamos definitivamente perdidos? Há salvação no reino (podre) da Dinamarca?

Antes que o leitor largue mão da leitura deste texto, esclareço que não defenderei o óbvio: a necessidade de uma reforma política ampla para minimizar os efeitos funestos das nossas seculares práticas políticas.

O Brasil tem salvação: depois de muito dilúvio, haverá a bonança -só que, desta feita, para o povo, para a democracia, para os valores autênticos da cidadania ultrajada. E mais não digo, para não transformar este quadrado de papel em palanque.

Gostaria de abordar uma outra faceta do ato de fazer política. Falar dos círculos de debates, dos cenáculos, dos grupos informais de encontros que tanto bem podem fazer às comunidades, às cidades e até ao país, quiçá ao mundo inteiro.

Muito da história brasileira pode ser contado a partir dessas entidades muitas vezes sem estatuto, sem burocracia, que vivem da vontade de mudar o mundo. Exemplos: o grupo dos inconfidentes em Minas, que fez a conjuração e não iria, obviamente, formalizar seus pleitos em documentos oficiais escritos e ao alcance das autoridades.

O movimento abolicionista, que reunia, por exemplo, jovens estudantes como Castro Alves, Rui Barbosa e Joaquim Nabuco em círculos como o Ateneu Paulistano. Ou, então, os inúmeros agrupamentos republicanos, aglutinando de estudantes a fazendeiros, de militares a rebelados de toda ordem.

Às vezes as rodas informais de debate e ação política se escondem nas sombras, menos por ardil e mais por anonimato imposto pela história. Eu mesmo tive o enorme privilégio de participar de um desses centros de convivência com importante atuação política. Trata-se do Círculo das Quartas-Feiras.

Fundado em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, o círculo, como ficou carinhosamente conhecido, reunia, semanalmente, um seleto grupo de estudantes em torno do saudoso professor Goffredo da Silva Telles Júnior.

Na Faculdade de Direito da USP, em cafés da manhã em hotéis ou no escritório do querido mestre, nosso Círculo das Quartas-Feiras reuniu-se por anos a fio, engrandecendo seus membros pela rica convivência.

Além disso, teve destacado papel político na recente história brasileira. Fato pouco sabido. E quase nada divulgado. Foi por iniciativa do círculo que se impetrou, ainda em outubro de 1988, o primeiro mandado de segurança coletivo da história brasileira, em defesa de milhares de servidores estaduais paulistas em greve, que queriam ter garantido o sagrado direito de reunião pacífica em frente ao Palácio dos Bandeirantes, época em que a polícia do governo Quércia reprimia os manifestantes com truculência.

Tudo começou com uma conjectura sobre mudanças havidas na nova Constituição. E terminou em uma ação judicial de grande repercussão no meio jurídico e na opinião pública.

Também partiu do Círculo das Quartas-Feiras o primeiro grito pelo impeachment do então presidente Collor, assim que seu governo decretou medidas flagrantemente inconstitucionais, como o confisco da poupança.

O que era só uma revolta de um grupo de estudantes em torno de um professor ilustre transformou-se em ação de esclarecimento de inúmeros círculos políticos e jurídicos.

Quando os escândalos de corrupção se avolumaram no noticiário, a cidadania brasileira foi às ruas pelo afastamento constitucional do presidente, e o impeachment se transformou em conversa de todos os grupos de pessoas reunidas informalmente em fábricas, escolas ou botecos.

Nem se imagine que as grandes mudanças começam como movimento de massa. Há sempre grupos que conspiram, positivamente, em busca de mudanças mais ou menos profundas do status quo. Às vezes por ação de indivíduos, as campanhas cívicas vão ganhando adeptos, e suas ideias chegam a tornar-se hegemônicas.

Jesus Cristo, por exemplo, de perseguido por seu ideal de justiça e fraternidade, passou a messias. Tiradentes, esquartejado, sagrou-se herói. Castro Alves e Luiz Gama, entre tantos outros, viraram líderes da abolição. É assim mesmo: o rastilho de pólvora uma hora se acende, aquece os corações e detona as mais inusitadas reações populares.

É sempre hora de arregaçar as mangas, buscar parceiros de convicções, começar uma conversa aqui e outra acolá. E ir à luta!

CASSIO SCHUBSKY, formado em direito pela USP e em história pela PUC-SP, editor e historiador, é organizador do livro "Estado de Direito Já! - Os Trinta Anos da Carta aos Brasileiros".


27 de julho de 2009
N° 16044 - KLEDIR RAMIL


Autorretrato

Autorretrato pode ser um desenho, um texto, uma canção. É alguém falando de si mesmo. Mas quem garante que ele não está inventando história? No meio da realidade, sempre vem um monte de fantasia. Como dizia John Lennon, “metade do que eu digo não faz sentido”. Agora, qual a metade que vale, você vai ter que descobrir sozinho.

A oficina de criação da maioria dos artistas fica numa zona nebulosa entre a ficção e a realidade. É ali que nascem roteiros, romances, coreografias. O processo de criação é uma das mais belas manifestações do ser humano. Dizem que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus pela sua capacidade de criar. Já fiz muitas coisas na vida, entre elas, minhas obras- primas Julia e João.

Autorretrato é o nome do novo CD/DVD que Kleiton e eu estamos lançando. A canção título é uma conversa entre dois amigos, onde cada um abre o coração e conta aquelas coisas que a gente só revela pra um amigo de verdade, num fim de noite, numa mesa de bar. “Coisa boa é um amigo / Pra poder conversar / E trocar figurinhas”.

Esse é o conceito que permeia todo o trabalho: o valor da amizade e o prazer de compartilhar com os outros o que se tem de melhor. “Tu me ensina a viver / Que eu te ensino a sonhar”. Um sentimento clássico que sempre se renova e hoje encontra sintonia com as novas relações virtuais, onde as pessoas se expõem cada vez mais na internet através de fotos, vídeos e textos.

É claro que muitos, disfarçados por uma foto retocada, inventam um falso perfil para conseguir dizer certas coisas. Já é um começo. Aos poucos irão tomando coragem para revelar seus segredos mais íntimos de peito aberto, escancarado.

No meio da fantasia, sempre vem um monte de realidade. Fernando Pessoa escreveu que “O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente”. Tem gente que faz poesia. Tem gente que pinta um quadro. Tem gente que faz cinema. Agora, o que é delírio e o que é documentário? Vai saber...

Kleiton e eu fazemos canções. É o que a gente sabe fazer. É o nosso jeito de abrir o coração e contar histórias.

E você? Como é que você faz? Você tem figurinhas pra trocar?

Uma ótima segunda-feira, uma excelente semana, fundamentalmente, aos avôs e avós já que ontem foi comemorado o seu dia.


27 de julho de 2009
N° 16044 - SERGIO FARACO


Oficinas

Proliferam oficinas literárias no país – em Porto Alegre já não dá para contar nos dedos –, aplicadas por autores de renome, com formação acadêmica na matéria e muitas obras publicadas, ou por outros que ainda não são autores e cuja credencial é a prévia frequência à oficina de alguém.

Para que servem as oficinas?

Delas não desdenho e tampouco as gabo, não se engastam em meu métier, mas posso supor que venham a ser um bom lugar para algumas pessoas, desde que tenham o hábito da leitura. Exemplos que me ocorrem:

> Para quem ombreia no dia-a-dia o fardo da solidão: há de fazer amigos com interesses afins. É a “amizade útil” definida por Aristóteles, que pode evoluir para afetos menos ocasionais.

> Para contar com o mestre em leituras orientadas pela qualidade e não pela quantidade. Quem lê demais acaba não sendo lido, alerta Schopenhauer, citando Pope.

> Para a discussão da obra de grandes escritores sob quaisquer ângulos, tendo-se em vista que o estilo de um autor, como previne François Mauriac, é único, pessoal, e não se transfere a seus adeptos. E por aí vai.

E a questão cardeal: a oficina faz o escritor?

A crermos em Kant, não: “Tudo aquilo que Newton expôs em sua obra imortal sobre os princípios da filosofia natural, por mais poderosa cabeça que seja requerida para inventar tais princípios, pode-se perfeitamente aprender. Mas não se pode aprender a fazer poemas com espírito, por mais exaustivas que sejam todas as prescrições da arte poética e por mais excelentes que sejam seus modelos”.

Mas, se ministrada a oficina por alguém capaz de identificar no aluno um talento que não se assemelha ao seu, ela pode ajudá-lo. Subentendida a vocação, o exercício supervisionado talvez faça com que salte etapas que só superaria com mais experiência e maturidade, e isto equivale dizer, até para brincar com tão sério assunto, que o candidato a escritor poderia cumprir os traços essenciais da “revolução permanente”, como os delineou o velho Trotski em novembro de 1929.

Se vai dar certo são outros quinhentos. A de Trotski, aparentemente, não deu. A do oficineiro, bem, “o empenho futuro de cada aluno será o fiel da balança”, como escreveu em algum lugar o decano dos mestres, Luiz Antonio de Assis Brasil.

Então é isto: vocação. Mas em que consiste a vocação? Não sei. Talvez ela não seja uma condição que a gente sabe, mas algo cuja presença a gente sente.


27 de julho de 2009
N° 16044 - PAULO SANT’ANA


A falta dos amigos

Morreu Lauro Schirmer na semana passada e eu fiquei na saudade. Saudade desde o dia que ele foi lá em cima na sala do seu Maurício Sirotsky conseguir uma vaga para mim no Sala de Redação.

Era um tempo em que o diretor de Zero Hora era também diretor da Rádio Gaúcha. E era isso que o Lauro era.

Impressionado com o fato de que eu fizera sucesso nos 30 dias intercalados em que participei do Sala de Redação como convidado do Cândido Norberto, Lauro foi pedir ao seu Maurício um salário para mim, um contrato para mim.

Corria o ano de 1972. E depois de ficar reunido com seu Maurício por mais de uma hora, lá veio o Lauro Schirmer se encontrar de volta comigo em uma sala da RBS.

E me disse o seguinte: conseguira um salário de 400 cruzeiros para eu participar para sempre do Sala de Redação.

Eu não coube em mim de contente, quando o Lauro me disse que ainda tinha mais para me dizer: que Maurício Sirotsky lhe autorizara a me contratar para escrever também uma coluna de Zero Hora pela qual eu iria ganhar o salário de 200 cruzeiros.

Quatrocentos cruzeiros pelo Sala de Redação e duzentos cruzeiros por uma coluna de Zero Hora.

Para resumir, para definir o que senti naquele momento, declaro agora que foi o dia mais feliz da minha vida.

E depois tive tantas outras alegrias junto ao Lauro Schirmer aqui na Zero Hora. Tive também tristezas, dificuldades, trabalhando ao lado do Lauro.

No entanto, na média existencial, foi muito doce e feliz para mim ter encontrado o Lauro e com ele conviver tantos anos de trabalho e camaradagem.

Agora morreu Lauro Schirmer e eu fiquei aqui órfão da sua compreensão, apoio, experiência, humanidade.

Eu não sei quando é que o destino vai parar de me levar os amigos, deixando-me privado de suas vantagens de ternura e consideração.

Como a morte é faminta e como nunca deixa de saciar sua fome! E vai levando os amigos, vai devorando os afetos da gente, vai nos enfraquecendo, vai mexendo no nosso equilíbrio e nos deixando tontos pela falta dos que se vão aos poucos, todos os meses um, ainda mais na idade em que estou, quando a morte teima em chamar quase todos os meus contemporâneos.

Que falta que já estás fazendo e ainda mais irás fazer, Lauro Schirmer!

E prosseguiu a procissão antropofágica liderada pela morte, levando em seu andar trágico para outras paragens eternas o Sanzi Biaggio, sepultado também na semana passada.

Durante décadas o Biaginho nos atendeu ali no Restaurante Copacabana, sorridente, meigo, com aqueles cuidados todos com que nos cozinhava o espaguete, o rascatelli, ou então o Rei Alberto com que me regalava na sobremesa.

Ah, Biaginho, como farás falta nas nossas noites de empanturramento de molhos e de massas, daqueles bifes enrolados no molho de tomate, ah, Biaginho, desde o tempo em que o Carlos Nobre ia todos os dias fumar sua piteira e beber o seu Campari, que saudade que vais nos dar, Biaggio, saudade das tuas braciolas.

Que diabo, Biaginho, a gente vai ouvir a tua voz lamentosa temperada de teu sorriso pelos três salões do Copacabana.

A morte é uma maldita e indevida espiã e assassina dos nossos sonhos, Biaginho.


27 de julho de 2009
N° 16044 - L.F. VERÍSSIMO | L.F. VERISSIMO


Isaac e Edipo

Kalman J. Kaplan ensina nas universidades americanas de Wayne State e Illinois. Tem escrito sobre paralelos bíblicos para os mitos gregos e publicou uma comparação das histórias de Isaac e Édipo, duas versões para o drama familiar que, segundo a ortodoxia freudiana, está na origem da civilização e das suas neuroses.

Isaac era o filho amado que Deus mandou Abraão imolar, Édipo o filho enjeitado, condenado a cumprir a profecia feita a seu pai de que um filho o mataria.

São duas figuras igualmente sacrificiais e expiatórias, e Kaplan estranha que Freud, mesmo sendo um judeu secular, não tenha preferido o exemplo bíblico ao grego para a sua tese sobre o conflito mais antigo da humanidade. O que diferencia Isaac de Édipo é a natureza do sacrifício e a consequência da expiação de cada um. Deus poupa Isaac da imolação, e pai e filho chegam a um acordo que, no fim, é o acordo inaugural do judaísmo.

Os terrores do filho diante do pai são atenuados pela sua ritualização – como a circuncisão, que é uma castração simbólica – e o terror do pai diante do filho é transferido: a vinda do Messias, o filho que sustará ele mesmo a faca imoladora e desafiará o pai, fica para um futuro indefinido. Já Édipo cumpre a sua danação.

Mata o pai, ganha as glórias passageiras do reino de Tebas e da cama da mãe, mas é derrotado pelo remorso. Sucumbe ao destino reincidente de todo homem e inaugura não uma religião, mas um complexo.

O Jesus das escrituras tem muitos precedentes em mitos da antiguidade, heróis expiatórios de outras culturas cujo martírio precede a ressurreição e voltam dos seus abismos e das suas provações como líderes ou deuses A especulação, hoje disputada, de Freud era que todos os mitos de redenção tinham origem na revolta dos filhos rebeldes contra o pai tirano, nas hordas primitivas.

Os filhos matavam e comiam o pai e aplacavam o remorso, o medo de serem literalmente comidos por dentro em retribuição, designando um dos seus como o culpado, sacralizando o crime e o criminoso e imolando o irmão/herói numa oferenda ao pai vingativo. Os mitos judaicos e os mitos gregos substituiam o monomito primevo de formas diversas, mesmo que os dois mitos fossem essencialmente os mesmos.

A história de Isaac é um mito de conciliação, a de Édipo um mito de recorrência trágica. As duas buscam a superação do conflito pai x filhos, a de Isaac pela integração sob os olhos de Jeová – nas palavras do profeta Malaquias, “e converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição” - a de Édipo pela resignação aos ciclos da condição humana, inegociáveis, pelo menos até que venha a psicanálise. Já a tradição messiânica dá no Cristo, cujo triunfo histórico se deve ao seu ineditismo.

No mito cristão, o filho confronta o pai, mas filho e pai são a mesma coisa. O pai não mata o filho, o filho é imolado em oferenda a si mesmo. E é a carne do irmão/herói, não a do pai, que os irmãos comem, simbolicamente, na eucaristia, subvertendo o rito primevo enquanto o repetem.

E o mito cristão não é cíclico. Ele rompe a reincidência protelatória do mito judaico e a dos eternos retornos do mito grego.

Seu herói venceu, expiou a culpa coletiva, transformando-se por nós no seu próprio pai, sem precisar matá-lo, e em vez de um acordo como o de Isaac com Abrahão com a bênção de Jeová ou a submissão a um destino trágico como a de Édipo, trouxe uma novidade que nenhum mito, antes, oferecera: a salvação.

domingo, 26 de julho de 2009


JOSÉ SIMÃO

Ueba! Lula lança Bolsa da Dilma!

Se o Lula gosta tanto do Sarney, por que não troca Bolsa Família por Bolsa da Família do Sarney!?

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!

Tá todo mundo louco. OBA! Festival de Piadas Prontas! Lançada Campanha Nacional de Combate ao Câncer de Pênis. Coordenada pelo doutor SÁLVIO PINTO! Do verbo salvar! Eu sálvio, tu sálvias e o doutor Sálvio Pinto! Do Brasil!

E esta: "Mortalidade de jovens no Brasil é causada em sua maioria por armas de fogo", anuncia pesquisador Ignácio CANO! Rarará! E esta: "Mulher pega gripe no Peru!". Então é traveca! Mulher com gripe no Peru só pode ser traveca.

Isso é lugar de pegar gripe? E uma amiga minha vai lançar uma coleção de máscaras chamada GRIFE SUÍNA! E viva perigosamente! Beije um argentino. Rarará. E sabe como gaúcho espirra?

ATCHÊ! Espirro de macho! E eu tenho saudades da gripe aviária. A gente sabia como pegava e como tratava. Pegava galinhando, e tratava tomando Cocoristina. E agora saiu a gripe Suiney. Que atacou o SUINADO! O SUINADO FEDERAL!

E o Sarney, hein? O Moribundo de Fogo! Todo mundo só quer falar do Sarney. Ele saiu de férias, mas os humoristas, não! E saiu uma nova dupla sertaneja: Sarney e Secreto. E agora tem até funk. O site Éramos Seis lançou o "Funk do Bigodão"!

Com o MC Sarney: "Ado, ado, ado, tô empregado no Senado". E a Lacraia cantando atrás: "Ada, ada, ada, vou jogar o bigode na privada". Rarará. Ô, esculhambação!

O Sarney quer a escritura do Maranhão! Aliás, essa crise no Senado só tem uma solução: privatizar a família Sarney! Rarará! E se o Lula gosta tanto do Sarney, por que ele não troca o Bolsa Família pela Bolsa da Família do Sarney!?

Aliás, quem gosta de bolsa é a Dilma, viu. Cada hora ela tá com uma bolsona nova e de grife. Vamos lançar o Bolsa da Dilma! E eu vi o vídeo da bispa Sônia pregando com a mulher do Kaká. Agora é o Kaká e a Kakasta!

E eu achei o botox da bispa Sônia muito derrubado. Deve ser de segunda mão! botox reciclado. Acho que ela tá usando o botox que foi da Ana Maria Braga. Rarará. E sabe o que elas falaram? Que vão pisar na cabeça do diabo. Medo! Do diabo e delas. Rarará!

E eu sempre digo que eu também quero renascer. Mais rico que elas. É mole? É mole, mas sobe! Ou, como disse o outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!

E atenção! Cartilha do Lula! O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. Hoje não tem. O Lula tá em férias escolares. Há 60 anos.

Rarará. O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno. E vai indo que eu não vou!

simao@uol.com.br